Colóquio Internacional Spinoza. Ser e Agir 28, 29 e 30 Outubro 2010


Maurício Rocha, Spinoza (iluminista radical) e o fim do finalidade – ou da crítica à finalidade como um critério para determinar a diferença interna entre as vertentes do Iluminismo.

11-03-2010 20:00

Do século XVII ao XVIII, o debate sobre a finalidade na natureza, que remonta à antiguidade, renasce em uma polêmica que ultrapassa os domínio estritos da ciência nova. O processo que reconhecemos como Iluminismo foi regido pela aceitação ou recusa da noção de finalidade e o debate em torno da noção demonstra as interseções das filosofias clássicas, seus diálogos implícitos ou explícitos – como índice dos novos modos de compreensão da realidade humana e natural no conhecer, no agir, nas formas de crer. Na aurora das Luzes, Spinoza radicaliza a recusa da finalidade ao afirmar que a representação finalista da Natureza deriva dos automatismos da imaginação, e que esta representação é o pilar fundamental da superstição e de uma compreensão invertida dos processos imanentes de produção do real (beirando o delírio...). Os efeitos dessa recusa são notáveis em sua ética (a causa final é o próprio desejo) e na política (recusa das utopias). Assim, a problemática da finalidade fornece um fio da meada para determinar critérios filosóficos (e não apenas historiográficos) que permitam distinguir, no interior do Iluminismo, suas várias vertentes – e o lugar de Spinoza no interior delas.

 

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